Nos últimos meses, vimos jogos como SUPERVIVE e Warborne: Above Ashes tentarem ganhar espaço no cenário competitivo e até criar uma comunidade fiel. Mas a verdade é dura: ambos acabaram caindo na mesma armadilha que já destruiu outros títulos.
E não foi por falta de aviso. O hype inicial até engana, mas rapidamente a realidade aparece: jogos sem identidade, sem estrutura e sem visão de longo prazo não conseguem sustentar o próprio público. E isso é cada vez mais evidente num mercado que já está saturado de tentativas falhas.
Cópia descarada de outros jogos
A primeira coisa que chama a atenção é que esses jogos copiam demais. Classes, mapas, habilidades, até o próprio ritmo de jogo… tudo parece “já visto antes”. Quem joga sente que está experimentando uma versão mais barata de títulos já consagrados.
Sem identidade própria, fica impossível segurar o público por muito tempo. É como assistir uma banda cover tentando se passar por uma original: pode até entreter no começo, mas logo a comparação com o original destrói a ilusão. No fim, o que sobra é um produto sem alma, que já nasceu fadado ao esquecimento.
Mistura de ideias que não fecham
Outro problema: são jogos cheios de features coladas uma na outra, mas sem um ciclo central divertido. Até começam interessantes, mas logo se tornam cansativos.
É como se quisessem abraçar todas as tendências de uma vez — passe de batalha, ranked, modos extras — sem parar para pensar se aquilo realmente melhora a experiência. Isso gera a sensação de que o jogo é um mosaico mal montado, sem coesão. O jogador percebe rápido que está lidando com um experimento confuso, não com um projeto que sabe onde quer chegar.
Falta de experiência dos devs
E aqui está um ponto crucial: os desenvolvedores não parecem ter a bagagem necessária para operar jogos desse porte.
Problemas básicos como matchmaking desbalanceado, balanceamento feito no escuro e até bugs em atualizações simples mostram que falta estrada. O resultado é um jogo que parece estar sempre “em beta”, mesmo depois de lançado. Essa inexperiência transparece na priorização errada e em decisões que prejudicam a base jogadora, porque muitas vezes parece que os devs nunca passaram pelo ciclo completo de manter um jogo vivo.
Performance que mata o competitivo
Em jogos onde cada milissegundo importa, tickrate baixo, hitbox falha e FPS instável são sentenças de morte.
A comunidade percebe rápido quando o jogo não responde como deveria. E nesse tipo de cenário, basta perder uma trade “injusta” para desistir de continuar jogando. Isso cria uma onda de frustração imediata, já que ninguém quer investir horas em um título que não entrega nem o básico: consistência. O resultado é óbvio: jogadores migram para experiências mais sólidas, deixando para trás os que ainda tentam “acreditar” no projeto.
Progressão rasa e monetização forçada
A progressão também não ajuda: grind sem recompensa real, cosméticos genéricos e sistemas de monetização que mais irritam do que empolgam.
Quando o jogador sente que está gastando tempo à toa, ou que o jogo está tentando forçar a carteira, o abandono é só questão de tempo. Em vez de ser um incentivo natural para continuar jogando, a progressão vira um peso que esgota o jogador. E quando a recompensa final é apenas um brilho estético barato, ninguém sente vontade de se dedicar de verdade.
Comunicação falha
Pra piorar, a forma como os devs se comunicam não inspira confiança. Patch notes vagos, promessas que não se cumprem e falta de clareza sobre o futuro passam a sensação de que nem eles sabem para onde o jogo vai.
Essa falta de transparência mina a relação com a comunidade e transforma qualquer pequeno erro em um estopim de desconfiança. Ao invés de aproximar o público, a comunicação distancia e reforça a ideia de que os jogadores são apenas números, não pessoas investindo tempo e energia no projeto.
Jogadores carentes e manipuláveis
Existe também o perfil do público que esses jogos atraem. Muitos jogadores se submetem a rotinas absurdas de dedicação, entrando várias vezes ao dia para defender “territórios” ou lutar em nome de pessoas que sequer conhecem — e que podem descartá-los a qualquer momento. É um esforço desproporcional para um jogo online, algo que eles não aplicam nem para si mesmos ou para coisas importantes na vida real.
Por isso a grande massa ignora jogos assim: é fácil enxergar que esse público é medíocre, carente e sem maturidade emocional, facilmente manipulável por qualquer sistema de progressão barato. Essa dependência cria uma bolha tóxica de gente que confunde presença em jogo com propósito de vida, e que acaba afastando ainda mais qualquer jogador que procure algo saudável e divertido.
Conclusão: a queda era previsível
O resultado não poderia ser outro: SUPERVIVE e Warborne chegam com hype, mas caem rápido.
São jogos que não trazem nada realmente novo, feitos por equipes sem experiência em manter um título vivo, e que ainda pecam no básico: identidade, loop de diversão, performance e comunidade.
Enquanto não houver coragem para criar algo original, que realmente resolva os problemas já conhecidos e construa sua própria marca, esses jogos continuarão nascendo com prazo de validade curto.